Psicólogo é coisa de "maluco"?

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Você já se deparou com a expressão “psicólogo é coisa de maluco” ao mencionar a possibilidade de buscar ajuda profissional? Já se questionou de onde ela surgiu e por quê? Se procede ou se trata de um mito? Vamos explorar juntos a história da Psicologia, para compreender a jornada de evolução e compreensão da mente humana.

Como tudo começou

Historicamente os aspectos psicológicos do ser humano começaram a ser questionados pelos filósofos. Sócrates se ocupou da essência humana que ele acreditava ser a Razão ou o Espírito. A palavra psicologia é composta por dois radicais gregos: psique (alma) e logos (estudo), então, na primeira conotação, a Psicologia era um segmento da filosofia, ligado à metafísica, que se ocupava do estudo da alma.

Com o passar do tempo, especialmente na Filosofia Moderna, a psicologia foi adquirindo um caráter mais científico, com René Descartes dando ênfase ao estudo da mente. Em 1870, a psicologia se desvinculou da filosofia, tornando-se uma disciplina científica independente.

Psicologia científica

A psicologia científica deu seus primeiros passos com Wilhelm Wundt, que fundou o primeiro laboratório de psicologia do mundo para pesquisar a consciência. Nesse novo paradigma, o viés metafísico foi deixado de lado em prol da objetividade. Aspectos mensuráveis, como a experiência imediata e o comportamento, passaram a ser o foco de estudo.

A psicologia de Wundt cresceu junto aos avanços da medicina e contribuiu para o surgimento da psicologia clínica. Após a Segunda Guerra Mundial, a Psicologia avançou consideravelmente, tendo a atividade de psicodiagnóstico em destaque. Nesse período as teorias psicológicas focaram intensamente nas doenças e transtornos mentais.

Transtornos mentais e formas de tratamento

Os transtornos mentais sempre foram estigmatizados ao longo da história. Na Antiguidade foram associados a questões espirituais como: possessões, maldições ou feitiçarias. Na Idade Média eram vistos como defeitos hereditários e as famílias que possuíam um ente com dificuldades mentais tinham a sua reputação prejudicada. Por esse motivo, essas pessoas ficavam escondidas, isoladas da sociedade e até mesmo eram abandonadas nas ruas, passando a viver como mendigos.
As primeiras casas de tratamento foram surgindo, muitas delas, através das igrejas que forneciam alojamento, alimentação e cuidados básicos. Do excesso de demanda, os primeiros asilos foram criados, mas as práticas de tratamento eram desumanas. Essas instituições, em vez de tratar, serviram como prisões e garantiram a exclusão social.

O início da transformação

A partir do século XIX, mudanças começaram a ocorrer, com profissionais como Philippe Pinel e Sigmund Freud introduzindo abordagens mais humanitárias e terapêuticas, como a Psicanálise. O surgimento da psicofarmacologia também contribuiu para uma nova abordagem no tratamento de transtornos mentais.

Em meados do século XX, movimentos como a Reforma Psiquiátrica e a Luta Antimanicomial começaram a transformar radicalmente o modelo de tratamento de transtornos mentais. Com a ideia de comunidade terapêutica e a busca pela inclusão social, novas formas de cuidado foram implementadas, influenciando não só a prática clínica, mas também a percepção da sociedade em relação à saúde mental.

A reinvenção do psicólogo e seu papel

Com todas essas transformações, a psicologia que, dentro das instituições, esteve bastante atrelada a medicina, buscando compreender o adoecimento psicológico, realizando avaliações e testes com a finalidade de diagnóstico e desempenhando um papel de patologização e controle social, se reinventou.

Esse novo modelo de atendimento, atenuou a soberania do enfoque médico e a participação e protagonismo dos psicólogos aumentou consideravelmente na área de saúde mental, mas agora, com um caráter mais terapêutico e inclusivo.

O tratamento fora dos asilos, além de reduzir as internações prolongadas, contribuiu para a inserção de temáticas relacionadas à saúde mental no cotidiano da sociedade. Assim, foi possível iniciar um movimento de desmistificação sobre o sofrimento psíquico.

Ao questionarmos os estigmas e preconceitos, aos poucos, as pessoas se autorizaram a falar mais sobre suas dificuldades associadas ao aspecto psicológico. O sofrimento emocional/psíquico, antes escondido por ser visto como um “defeito” do indivíduo, passou a ser visto como algo comum a todos os seres humanos.

Atualmente, sabemos que qualquer pessoa, em algum momento da vida, pode desenvolver um adoecimento psíquico, pois as causas dos distúrbios psicológicos estão relacionados com a interação de fatores genéticos, sociais, culturais e vivenciais.

Nesse sentido, a psicologia não se restringe à doença, mas se ocupa da saúde mental em sua totalidade, podendo atuar de forma preventiva, atenuando o sofrimento que poderia gerar um transtorno psicológico no futuro, ou simplesmente promovendo bem-estar e saúde.

O acompanhamento psicológico contribui para a melhoria da qualidade de vida se constituindo como um espaço de escuta, acolhimento e apoio. Dessa forma concluímos que a atuação do psicólogo não se limita a portadores de transtornos mentais, podendo trazer benefícios a todas as pessoas que desejarem realizar este investimento em si.

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