Terapia On-line: porque algumas pessoas questionam a sua eficácia?

terapia on-line

Em um mundo em constante evolução, a terapia on-line surge como uma alternativa revolucionária para o cuidado da saúde mental. Enquanto muitos abraçam essa nova forma de terapia, há aqueles que ainda têm dúvidas e incertezas sobre sua eficácia em comparação com a terapia tradicional.

Como surgiu a terapia on-line

A história da terapia on-line remonta a mais de 50 anos, quando a tecnologia começou a ser utilizada para fins terapêuticos em nível internacional. Inicialmente, programas de autoajuda e assistentes virtuais, como Eliza, criado em 1965, pavimentaram o caminho para a terapia no ambiente virtual como a conhecemos hoje.

Nos anos 90, com o avanço da internet, observamos o compartilhamento do sofrimento emocional através de grupos de apoio on-line e fóruns de discussão. Os usuários conectados trocavam entre si, mas nesse meio, havia também a presença de profissionais realizando orientações.

Com a crescente demanda, profissionais passaram a utilizar sites que continham informações e orientações acerca de saúde mental e permitiam contatos diretamente com o profissional. Neles os usuários podiam realizar perguntas mediante o pagamento de determinada quantia. Com a chegada dos chats encontros em tempo real entre paciente e terapeuta começaram a ocorrer.

Regulamentação da Terapia On-line no Brasil

No Brasil, a implementação da terapia on-line foi mais lenta devido ao atraso tecnológico do país. Essa morosidade e distanciamento foi gerando fantasias no imaginário popular e criando certa aversão ou resistência. No entanto, após debates e avaliações, o Conselho Federal de Psicologia lançou a primeira regulamentação sobre o tema, no ano de 2000, permitindo atendimentos nesta modalidade para fins científicos e experimentais.

Foi somente em 2018 que a Resolução CFP n.º 011/2018 expandiu as possibilidades de atuação dos psicólogos no ambiente virtual, garantindo a qualidade e ética dos atendimentos on-line. Com a chegada da pandemia da COVID-19, a terapia on-line se tornou ainda mais popular, levando à flexibilização das regulamentações para atender à crescente demanda.

No entanto, em termos de pesquisas, o Brasil ainda carece de estudos, o que contribuiu para uma atitude um tanto cautelosa por parte de alguns psicoterapeutas. Pesquisas realizadas no país identificaram que psicólogos sem experiência em terapia virtual mostravam-se desfavoráveis a esta modalidade, mas, em contrapartida, os profissionais que a executam, consideravam-na promissora.

Dos principais receios

Relação terapêutica

O estabelecimento de uma relação terapêutica sólida é um dos pilares do acompanhamento psicológico. A terapia on-line era vista com desconfiança, como se faltasse aquele toque íntimo e próximo que a troca presencial proporcionava. No entanto, estudos mostraram que, mesmo à distância, é possível construir vínculos fortes e significativos.

Setting terapêutico

O setting terapêutico se refere ao ambiente físico, social e emocional no qual a terapia ocorre. É o contexto no qual o terapeuta e o cliente se encontram para realizar a sessão. A preocupação nesse quesito relacionava-se com a necessidade de espaço apropriado, atenção integral, impossibilidade de percepção de características não verbais e confidencialidade.

Embora, esses questionamentos sejam válidos, com as orientações corretas do terapeuta, essas barreiras podem ser superadas. O paciente deve ser alertado sobre a importância de criar um ambiente reservado, silencioso e confortável, assim como, sobre os recursos tecnológicos necessários e as regras em relação à sessão. A limitação dos elementos não verbais pode ser minimizada com o uso de recursos tecnológicos e novas formas de análise.

Sigilo e privacidade

Considerando o caráter extremamente confidencial da comunicação desenvolvida no atendimento psicológico, assim como, os riscos de vazamento de dados na internet, essa preocupação é bastante genuína, mas felizmente, possuímos algumas estratégias e recursos atuais que aumentaram consideravelmente a segurança e proteção. Com o uso de plataformas seguras e atualizadas, a proteção dos dados é assegurada.

Benefícios da Terapia On-line

À medida que a compreensão sobre essa nova modalidade se aprofundou, notamos uma redução nos principais receios conhecidos. O incremento das tecnologias também contribuiu para o desenvolvimento de um trabalho mais qualificado, seguro e confiável.

Estudos de eficácia e efetividade mostraram que as terapias pela Internet trazem benefícios aos pacientes e que, quando comparadas a terapias tradicionais, podem apresentar resultados semelhantes ou ainda melhores (Barak et. al, 2008; apud Pinhatti, 2013).

Das vantagens que podemos observar nessa modalidade, podemos destacar:

  • Demanda por conveniência: A terapia on-line oferece a conveniência de poder realizar sessões terapêuticas a partir de casa, do escritório ou de qualquer local que a pessoa estiver, desde que possua conexão à internet.
  • Acesso a profissionais qualificados: Ela reduz barreiras geográficas, oferecendo acesso a uma variedade mais ampla de terapeutas, incluindo especialistas em áreas específicas que podem não estar disponíveis na região que a pessoa se encontra.
  • Privacidade e anonimato: Algumas pessoas podem sentir mais conforto em realizar o atendimento virtual do que frequentar uma clínica ou consultório presencial pelo receio do estigma/preconceito de alguns contextos sociais. O desejo de evitar ser visto por pessoas conhecidas, clientes, etc. ao entrar no local é uma realidade para quem deseja manter o seu acompanhamento em sigilo.
  • Custos reduzidos: Em muitos casos, a terapia on-line pode ser mais acessível em termos de custo, pois elimina despesas de viagem e reduz os custos operacionais dos terapeutas.
  • Manutenção do vínculo em viagens longas: pessoas que viajam com frequência ou que necessitam se ausentar do local que residem por tempo considerável não necessitam interromper o seu tratamento.

Qualquer pessoa pode aderir?

Embora a terapia on-line seja uma opção para muitas pessoas, existem casos específicos em que a terapia presencial pode ser mais adequada ou necessária. Alguns exemplos de casos psicológicos nos quais a terapia virtual pode não ser a melhor opção incluem:

  1. Transtornos graves de saúde mental: Pacientes com transtornos graves, como esquizofrenia, transtorno bipolar grave ou transtorno de personalidade borderline, podem precisar de uma abordagem mais intensiva, intervenções específicas e acompanhamento próximo.
  2. Situações de Risco: Em situações de risco de suicídio, automutilação ou comportamento perigoso, a terapia presencial é muitas vezes preferível.
  3. Necessidade de avaliação física: Em certos casos, uma avaliação física, ou o uso de testes psicológicos, podem ser necessários havendo a necessidade de encontro presencial.
  4. Dificuldades de comunicação: Alguns pacientes podem ter dificuldades de comunicação significativas que tornam a terapia online menos eficaz, como nos casos de problemas de linguagem, deficiência cognitiva ou auditiva.
  5. Questões de privacidade ou segurança: Em situações em que a privacidade ou a segurança do paciente não podem ser garantidas durante a terapia online, é preferível recorrer à terapia presencial para proteger o bem-estar do paciente.

Conclusão

Se você ainda tem dúvidas se esta modalidade é indicada a você, converse com o terapeuta para obter uma avaliação das suas necessidades individuais. No geral, a terapia on-line tem se mostrado uma opção valiosa e eficaz para muitas pessoas. O feedback positivo dos pacientes, aliados ao crescente corpo de pesquisas que comprovam a eficácia desse formato, contribuem para a validação e aceitação da terapia virtual, tanto por parte dos pacientes, quanto dos profissionais de saúde.

A criação de plataformas seguras, acessíveis e convenientes, que oferecem uma experiência de áudio e vídeo de alta qualidade contribuíram para melhorias e aumento da confiança, tornando-a uma opção cada vez mais atraente para aqueles que buscam apoio psicológico. Quer saber mais sobre psicoterapia? Clique aqui.

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Bibliografia consultada:

http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v10n2/v10n2a07.pdf

https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/38209/1/PsicoterapiaOn-lineHist%c3%b3ria.pdf

https://ojs.focopublicacoes.com.br/foco/article/view/1723

https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/194585/001093254.pdf?sequence=1

https://vocesa.abril.com.br/empreendedorismo/empreendedores-apostam-no-mercado-de-saude-mental

https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-17082016-161759/publico/ruffo_corrigida.pdf

https://repositorio.unifaema.edu.br/bitstream/123456789/692/1/Nat%c3%a1lia%20Joice%20de%20Souza%20Leite%20.pdf

 

Foto de Dylan Ferreira na Unsplash

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